segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Os fortes também choram

Victor Rocha Nascimento


Os Estados Unidos tropeçaram feio mostrando que não são tão bem estruturados assim. Já se entende que a crise econômica foi fruto de descuidos e agora o país tem que correr atrás do prejuízo sob esta culpa.
A origem do problema se deu nos cofres dos bancos estadunidenses. Com o programa de baixos juros nos EUA e liberdade em financiamentos, dentro de um período entre 2001 e 2004, milhares de pessoas tiveram a oportunidade de investir na compra de imóveis e sustentar altas dívidas a longo prazo...
Porém, não existe economia que não mude, sua força foi se esvaindo e os juros foram se elevando. Os grandes sistemas bancários já não conseguiam mais esconder suas dificuldades de manter-se perante a situação. O preço dos imóveis também caiu e seus compradores a prazo passaram a pagar um valor muito mais elevado do que o bem passou a custar. Com dificuldades em se manter, o povo estadunidense passou a diminuir seu consumo em coisas mais supérfluas e assim mercados de todo o mundo foram afetados.
Estudiosos afirmam que esta crise não é o que podemos definir como "setorial". "Não é uma crise do setor imobiliário ou de qualquer outro setor isolado da economia. A crise é resultado da financeirização da economia e, se não começasse pelo mercado imobiliário, apareceria por meio de um outro setor" é o que afirma a economista e professora da Universidade de São Paulo (USP), Leda Paulani.
A crise chegou como um tropeço de realidade aos EUA, mostrando, assim como no 11 de setembro, que eles não tem seu lugar assegurado em um trono, se não estiverem sempre atentos, se tornarão vulneráveis a crises como esta. Eles tiveram que correr contra o fato de que os bancos passaram a empobrecer ou a definitivamente falir, como foi o caso do quarto maior banco de investimentos dos EUA, o Lehman Brothers. Criou-se então um ciclo vicioso. Quem vai deixar seu dinheiro em um banco que pode falir a qualquer momento? E esta corrida para retirar o dinheiro dos bancos os torna ainda mais próximos da falência. São postas em prática tentativas de manter os bancos antes que eles se desfaçam, porém a situação é complicada e mesmo que seja rapidamente estabilizada renderá frutos por um bom tempo.
Ainda que com o acordo entre democratas e republicanos, rendendo setecentos bilhões de dólares, todo este descuido não passará desapercebido pela história. Muitos já comparam esta crise com a de 29, considerada a maior de toda a história. Não se tem certeza de uma relação real proporcional, porém o simples fato de ocorrer este pensamento já demonstra o choque que a crise causou.
O Brasil está bem diante de tudo isto, nosso mecanismo de política econômica se encontra distante dos motivos da crise, porém este alívio é temporário já que o problema atinge mercados por todo o mundo dos quais o Brasil é dependente. Com estes mercados afetados, certamente nós todos seremos.