sábado, 6 de junho de 2009

Um "Olhar Direto" para Paul Strand

Victor Rocha Nascimento


Sessenta anos de amor à fotografia estão sendo expostos no Instituto Moreira Sales (RJ), na amostra "Olhar direto: fotografias de Paul Strand". Trata-se de uma seleção das maiores obras do fotógrafo pioneiro da corrente modernista, que revolucionou a forma de olhar sobre o corriqueiro.

Nascido em 1890, nos Estados Unidos, Strand foi um visionário que se destacou na fotografia do século XX. Não só suas obras, como sua história de vida bateram de frente com os preceitos da sociedade. Em sua época, a fotografia se limitava a imagens pictorialistas, ou seja, cenas bucólicas e de pouco foco onde se seguia as pinturas românticas e expressionistas. Paul Strand tentava entender estes métodos e chegou a fazer seus próprios ensaios abstratos, porém, se consagrou com sua forma de captar o movimento constante das ruas da metrópole industrial do início do século XX em contraste com a leveza dos campos. Ele o fazia com fotografias de camponeses, da complexidade e força das máquinas e de natureza morta.

As fotografias de Paul Strand tiveram tanta repercussão que os críticos chegaram a argumentar para que sua técnica viesse a ser vista como uma forma de arte, assim como as pinturas e a poesia. Eles também passaram a se referir às obras de Strand como stanght photography (fotografia direta ou pura), tornando Strand o criador de uma nova linha de fotógrafos

Em certo ponto de sua carreira, Paul também se aventurou pelo cinema. Esta parte de sua obra também está exposta no instituto, onde é possível assistir aos seus três principais filmes: Manhatta (1921), Redes (1936) e Native Land (1942). Neste período, Strand se dedicou exclusivamente a produção de documentários, trabalhando como editor, produtor, fotografo e diretor. Seus filmes seguem a mesma linha das fotografias. São experimentalistas e mostram de forma bela todo o caos das grandes metrópoles industriais. São formados por várias sequencias de prédios, máquinas, trabalhadores da construção civil e multidões.

A exposição é um banho de cultura e de belas imagens em uma seleção de 107 fotos que transparecem as inovações de Strand. Não se poderia esperar menos de uma exibição de um autor de tanto renome e com a história de Paul Strand. Para saber um pouco mais desse exímio fotógrafo, basta visitar a exposição, que além dos filmes e das fotografias mais famosas, exibe livros e rascunhos do próprio autor. Suas peças estarão sendo expostas até o dia 05/07, e a exposição estará aberta ao público de terça a domingo das 13h às 20h, no IMS (Rua Marquês de São Vicente, 476 – Gávea – RJ).