Já que a memória do povo brasileiro é notoriamente curta, essa medida é unânime. Todos os lados evidenciam fatos para se enaltecer ou denegrir a imagem do adversário nos momentos que precedem as votações.
Em meio a essa briga acirrada, ouvimos ontem a declaração da Ministra Dilma Rousseff, apontada pelo atual presidente como sua sucessora, onde ela afirma ser portadora de um câncer linfático. Declaração esta, que não chegou a ser nenhuma novidade dentre os bastidores jornalísticos e que foi feita quase sobre pressão, mas é claro, feita da melhor maneira e na melhor hora.
Uma declaração deste nível, que pode abalar todo um projeto de campanha, e em um momento tão delicado para a política, o qual estamos passando, não é, de forma alguma, esporádica. A ministra, juntamente ao seu partido, escolheu o momento para tal notícia com a pretensão de um impacto direto às urnas. E independentemente de quais frutos esta notícia terá, a ministra somente soltou imaginando conseqüências positivas para seu governo.
Culturalmente nosso povo tende a ter pena dos menos favorecidos, talvez pelo fato da maioria dele se reconhecer neste grupo. A notícia de que uma candidata à presidência passa por um problema de riscos vitais causará grande comoção, sobretudo tudo se ela sair com glória de mais esta “batalha”, o que, para quem conhece o este tipo de câncer, não é muito difícil. Não vamos julgar se a doença da ministra é verdadeira ou falsa, mas sua necessidade de informá-la ao povo, a esta altura, não passa de uma jogada de apelo sentimental para coletar mais votos.