Eu caço, na esperança de um sonhador, um destino que corresponda ao meu cansaço, ao meu sangue seco de desilusão.
Ah, quem dera ter todos esses quilômetros para calar o pé. Quem dera caminhar só para sentir o desgaste, sentir o porre quente dos canos, sentir meus próprios sentimentos, colocar tudo no lugar.
Esperava, eu, competir com os carros, encarar o céu e o horizonte, mascar meus sonhos mais tolos e, quem sabe, ter você para conversar.
Nada melhor que uma tarde de imensidões para nos sentirmos tão pequenos a ponto de querer nos entregar. Nada pior do que descobrir, de repente, que nada pode se ajeitar.
Diz que foi por dar canseira, diz que foi a noite inteira
Diz que o sol espanta a vida, diz que foi a escolhida
pra deixar de me querer
Quem sabe fui a sobremesa, quem sabe foi a incerteza
Quem sabe foi tão querida, quem sabe estava tão perdida...
Que só queria se encontrar
No fim só resta a cereja
Fatia fina, o sangue à mesa
O grosso lodo de metal
temperado em sal
que a solidão fez brotar de mim.
Acho que veio pra ficar.
2 comentários:
Nada melhor que uma tarde de imensidões para nos sentirmos tão pequenos a ponto de querer nos entregar.
Gosto da tristeza.
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