Victor Rocha Nascimento
Deitado um banco duma praça, ou duma praia. A vida passa e eu fico. Eu duro, eu mergulho e sou eu mesmo. A vida fica e eu passo, como só.
Dormi essa noite com a santa. A santa encostada no meu peito. Incrível como que por milagre, mesmo pela manhã parecia santa. Ou é amor, ou dádiva, ou ação divina. Ou talvez seja tudo e seja tudo o mesmo. Ahh, era perfeita em tudo. Conseguia ser santa e pecadora por inteiro.
No final do segundo dia, já sabia que iria morrer.
O cheiro, o sangue, o beijo e a mão. São o que te define. São únicos. São fortes e puros. São graves e transbordam mitos e significados. Me marcaram.
A morte, o eterno, o instante e a escolha. A mortalidade do que se diz.
A normalidade do infeliz. O estado banal, natural do só.
Vento moleque, malandro, que arrasta os sonhos e os anos.
O tempo. E o que é?
O tempo. E serve, se serve, para que?
E o que é o tempo quando se existe?
E o que é o tempo depois de você?
Marcou, é eterno. É sempre e só é. Pobre do tempo que foi inventado para desgarrar, mas que é no fundo só um invento e de ferrugem morre junto com o homem. Mais dura o sonho, mais dura o desejo.
Quem ficou? Quem foi afinal? E quem morreu?
Não saberia dizer, também. Também não importa. Importante é o que foi, o que é e o que nasce no eterno para apodrecer impossível.
4 comentários:
O tempo perguntou para o tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo tempo tem.
ps: tava com saudades dos seus textos :)
Sempre gosto.
Fiquei impressionada com o modo que utiliza as palavras em tom poético e constrói seus textos de alto conhecimento e grande significado.
A elaboração,o contexto e a forma como expressa os fatos foi muito bem redigida...exprimi muito bem seus sentimentos e opniões,além de conseguir retratar e abordar de cada tema utilizando o homem como protagonista dos desconcertos do mundo e criador de um mundo perfunctório.
Parabéns,você possui muito talento e adorei a sua obra:Daltonismo Amoroso!
Postar um comentário