quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Chorinho e mel

Victor Rocha Nascimento

Tocava o seu chorinho de mansinho, num cantinho, que era, por vias e veias de orgulho, pra não levantar a mínima suspeita.
Escorria dos olhos a melodia. Procurava com a ponta dos dedos o mel, pro dia de sal cortar em doce.
Que fuga mais adequada!
No mel da melodia, o choro se desfaz e a música explode o peito de sentimentos sagrados e desfeitos.
Que união mais perfeita, onde o choro foge da cara e corre pros dedos. O mel sai dos dedos e lambuza a cara. Tudo se endireita.
O tempo passa com back de choro, coberto com a vida e com o que há de viver. Olha, escuta e sente. A vida é namoro e o canto é consolo.
Logo, logo tristeza já é música, o mel encharca o dia e o coração se ajeita pra nova folia.
Toca o choro, bem quietinho, que o tempo te espera. A música é o poema no ar e o poema é sentimento no papel. Respira!
Toca o choro, chora e toca. Toca pra frente a vida. De tanto chorar, a gente acaba tocando melhor.
Se toca! Chora o mel. Mela o dia. Fica no cantinho, só chorando e tocando e ouvindo o choro. Fica no cantinho, bem quietinho, pra depois voltar pro jogo.

2 comentários:

シモネ - SVMiranda - disse...

Rs.. Muito legal!!!
Belo e certo como sempre:)
bjs.

Anônimo disse...

choro música, música arte, arte ego. choro ego.