domingo, 31 de janeiro de 2010

Entre dois tempos

Victor Rocha Nascimento

Aguarda recatado o guri que ferve em brasa as ideias de outrora, da sua divina cachola morta. Espera ansioso que se resolvam os fatos e que se compliquem as respostas. Quer, na doçura de uma criança, um mundo novo. Quer o infinito do lado de fora.
Que as soluções dos seus mais avassalantes problemas lhe torturem antes de que venha o tempo do afago. Convive na esperança de que nada lhe falte e tudo lhe instigue. Grita rouco aos ventos que não seja fácil, mas que em um instante possa simplesmente 'ser', e que lhe complete. Que a hora, por mais que tarde e que se perca o número de alvoradas, seja certa. Ele chama o destino para a peleja aberta.
Essa carência que contamina e esvazia não nasce da solidão, nasce do ócio. Ele se mantém ocupado, entretido, e logo as medidas se encolhem e as finalidades lhe regalam. O que é a vida se não as metas? O que é a vida se não tão somente fluir em sí, sem pressa, sem unhas roídas?
Cuidado que estas suas mãos suadas podem assustar!
Olha em volta. Esta chuva de conselhos, esse mar de preocupações. Olha pros que te querem e não te abandonam num primeiro tapa áspero. Estes são os seus, e é com eles que os problemas passam mais leves. É dos problemas deles que tem que se ocupar.
Os dias são brancos até lá. Apenas páginas, como todos outros. Se tem uma coisa que esse moleque gosta é de rabiscar!
A espera pura é o assassinato dos instantes, dos momentos, e quanto tempo mais for esperar. É a morte em escalas.
As narinas, entupidas pelo perfume viciante, que engana a mente nos momentos mais indecorosos, não podem simplesmente deixar de respirar. Não se afoga de cheiro, ainda que quase. Não se aprende com os primeiros erros, ainda que fosse melhor assim.
Vida pouca em que se descobre muito mais no virar das páginas que no sumo dos capítulos. Vida louca.
Melhor aproveitar como se deve e cavar suas respostas de qualquer sujeira. Não existe um momento vazio entre dois tempos... É exatamente neste meio que se desvendam os segredos.
É, guri... Se rasga em dois e tenta não se assustar com o que vaza da fresta. Já passou da hora de se reencontrar.


Um comentário:

Deise disse...

"Entre dois tempos", me projetou a uma reflexão dos medos das mudanças, das transformações a que um sujeito humano está indiscutivélmente sujieto a passar no decorrer da estrada da vida. Por que e como suportar a rotina, o que fezer para driblar ficar nos bastidores sem que o público possa observá-lo, analisá-lo?. O que me remete a fases da vida de cada e todo ser humano, que não interrom pe sua trajetória, estagnando-se em uma fase (Infância, préadolescencia, adolescencia, juventude, fase adulta(muitas vezes rígida, sem graça e sem permissão para sonhar) ou a velhice, que a tantos assusta, mas que é real para quem consegue alcança-la. Tiramos disso tudo uma bela lição: a vida tem fases, todas deem ser respeitadas, mesmo depois de vividas, porém NÃO se pode desperdiça o Hoje, o momento de agora, as coisas simples e complexas de cotidiano, pois o que já foi, ficou como aprendizado, bagagem, oque está acontecendo não pode ser desprezado, ele é a vida que vivemos hoje, portanto a mais importantes de todas as vidas que já vivemos (fases) pensar no futuro um dever, uma responsabilidade, mas viver o hoje com intensidade e responsabilidadde, é VIVER!.