quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mundo que dilata: Um cículo com caminhos tortuosos

Victor Rocha Nascimento

A vida enrola uma cadeia de obstáculos tão confusa que só se perdendo para se reencontrar, e quando a gente acha, dá vontade de voltar atrás. O gosto do impossível comove, ilude; e as fantasias da mente carecem de um desafio encarnado na realidade para brilhar em graça. Nos transviamos na ilusão dessa necessidade. É da loucura cismada que nasce o vazio na alma. É a vida, de tão enrolada, que mistifica o boçal.
Não seja tão lamuriento, jovem sonhador!
Já estava na hora de enterrar o cobre que me amarrava e voltar a ser eu mesmo.
Quando nos identificamos e amamos muito(seja uma pessoa, um animal, um objeto ou uma forma de vida), ficamos cegos e invariavelmente, se de fato amamos, dependentes. Eu amava e me vi sedento na abstinência do meu prazer, de uma hora para outra.
Acho que parte daquela velha idéia batida do homem gostar de sofrer. Não é que para ser feliz basta querer? E eu com a mania de esquecer isso de tempo em tempo...
Andava gritando a rouquidão de um tom menor, sem saber que ainda era dia de rock. Caçava belezas e fantasias passadas. Perdia tempo catando a vida sem lembrar que ela já estava escorrendo por mim.
Ô vidinha simples... Tão simples que as vezes enche o saco e fazemos de tudo para complicar. É besteira. O segredo está em sabermos como tornar o simples renovável e saboroso.
Quando lembro que as coisas são como são e deixo de lado o mundo complexo com o qual gosto de farrear vez ou outra, parece que posso encher todo meu pulmão, até o ultimo litro, com muita facilidade. Dá para saborear o órgão transbordante. Um alívio devido após meses e meses respirando metades.
Mudaram a fotografia do mundo. Eu mudei. Mudei meus olhos. O ar é mais leve e limpo, tudo é mais fácil e compreensível. Da até vontade de sair do comodismo e ir pelejar. Da vontade de ser melhor e gargalhar para o vento. De tão completo, da vontade de ajudar.
E o gozo e a liberdade. Os amigos e os desconhecidos. A farra e a esbórnia do que é belo e pacífico.
Agora já mais calmo, e livre da minha própria loucura, posso brincar de ser feliz. Brincar de ter potencial, de dar valor ao que quero e de não necessitar de expectativas para seguir. As metas apenas me guiam e já não me dominam. Um dia de cada vez, uma alegria de cada vez. E a vida vai sendo devidamente aproveitada.

A vida nos dá muitos mais presentes se a gente não esperar nada dela, apenas viver.

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