sábado, 27 de março de 2010

Que o espírito toma mais que as mãos

Victor Rocha Nascimento

Essa coisa que cheira, que fede, que apentelha, que se mete... Essa coisa maluca, insistente, retardada e carente, que ninguém fala e a gente sente. Essa coisa gostosa e crente...

Quem disse que a arte não conta, não canta, não ronca, não ata, não come, não mata, não salva, não ri?
Quem disse que a arte não mente e que não pretende a arte e que não entende. Quem disse que não fala da gente? Quem foi que mentiu a arte da minoria? Quem ainda se atreve e abusa domar?

E como viver sem ela, que transborda indulto, que inflige em banzar. Como sarar do teu sorriso, da tua luz. Como não agonizar nela, como não viver nela, e ser dela e ser ela. Como abandonar?

Ah, se ela consome, se explica, se corrompe, basta se render. Ah, se ela existe em tanto e em tudo. Se ela me deixa tonto e mudo. Se ela reflete em sentidos e significados. É ela que eu vejo, respiro e escuto. É dela que vivo e que estou farto.

Que é tudo e absolutamente abstrato. Que é belo e que é aos olhos mutantes. Que é repleto e marcante. Que não é nada. É a fome dos retalhos. É a palavra do sentimento. É o que marca o inexplicável.

Não seria tanto se fosse quimera, não seria tanto se fosse mulher. Não seria tanto se não fosse besteira, rotina. Não seria tanto se não fosse e se só fosse o que dizem que é. Não é nem o que eu digo e tento dizer. É só o que eu sinto e o que cada um entende para si.

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