quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ode à Morena. Baralha mania inveterada

Victor Rocha Nascimento

Quando ela diz o que pensa, não sei se me esnoba ou se zomba de mim
Quando a Morena é presença, me invoca um distúrbio e me faz querubim
Quando se choca, nos choca, me chora e tem dó do seu fim
Quando me encara, me enrola, me vira a cachola, me prende em cetim

Quando é intensa é criança, troca doce ao amargo, me pisa firme
Quando sentença é cobrança, me suga suporte dobrado, me oprime
Quando é controle é casta, confunde sua casca e induz um crime
Quando me ama é carrasca, me fala e me rasga, me aponta num filme

Quando namora, me enforca, me aperta, me ama feito num sonho
Quando me troca, me joga, me afeta, me chama num timbre medonho
Quando é sincera, apaixona, dá medo e vergonha de um jeito enfadonho
Quando é moleca, traz gana, dá raiva e apanha, esconde o tamannho

Quando ela diz por que veio, me põe em rodeio e me traz aflição
Quando defende seus meios, corrompe o certeiro, me compra a razão
Quando me agarra, me safa, me caça, tortura por confusão
Quando me conta, me erra, se ferra, me atinge. Já é escravidão

Quando não quer ela manda, complica e desmanda, presume liberdade
Quando tem medo de si, se enforca por mim, e se entrega de verdade
Quando me pede, se enrola, não cobra mas eu cumpro a vontade
Quando mostra argumentos, nem são mandamentos, mas aí já é tarde

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