domingo, 22 de janeiro de 2012

E o mundo vai acabar

Victor Rocha Nascimento

Eles eram só mais um grupo de amigos. Desses, que de criança fazem festa, se apresentam e brigando grudam. Na adolescência viram hippies, roqueiros, nerds, blogueiros, caricatos e misturados, mas fechados e inseparáveis. Abertos e sinceros, assim como felizes, somente entre si. De jovens, recolhem do bolso os caquinhos de tempo para aproveitar nos bares, bebendo, petiscando e jogando todo o assunto perdido na mesa, como num poker, tentando sentir calor velho na madrugada apertada, querendo saber que ele ainda existe.

Até que um dia, após a glória de serem, deixaram. é normal, todos sabiam, esperavam, mas preferiam não ver para tornar eterna sua juventude anil. E foi, por mais que tenha passado. foi a melhor possível, por mais que possa ter sido igual, por mais que tenham sido tristes, sofridos, idiotas, os momentos foram todos igualmente perfeitos. Passaram.

Cada vez mais distantes, foram trapaceados pelo tempo e alfinetados por tramoias de amizades banais, fracas, coleguismos. Mesmo sem querer, por parte alguma, todos ficam ocupados, fechados agora em si e no futuro. Todos só sonham, lembram e sentem. por sorte, ainda estão todos em todos. E das fotos antigas ficam as fotos. Das cartas, o cheiro saiu, mas sentimento segue gravado e colorido. Se em alguns anos perguntarem por eles, por aquelas pessoas, não se sabe por que porta a saudade vai tentar explicar e jamais vai ser suficiente.

E coisa que arranha, amassa, transporta, transborda e incomoda... Mesmo assim, faz a gente lembrar mais da gente. Faz se encontrar, se reviver, voltar a amar.

Mas antes que passe e possa e termine, no texto deixo continuar, exatamente da forma encantada que sobrevivem nos corações de cada um. Não há lugar melhor para serem eternos que na lembrança, no carinho, e na grafia. Pois, se já ficou claro o tipo de amigos, a história segue, sem tremer ou pular parte nem voltar. Deixa que ela ainda é.

Eis que eram amigos...

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E o mundo vai acabar.

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