domingo, 22 de janeiro de 2012

Entre culhões e bifurcações. Os jeitos que aprendi.

Victor Rocha Nascimento

Como ser forte, meu caro?

Por um caminho de escolhas que eu rabisquei
Fiz pensar que a dor podia me salvar
E um coração de pedras velhas que eu fatiei
me dava forças para continuar
Marcava os punhos da saliva amarga que babei
Acertava flechas contra o peito para reforçar
O sentimento atrofiava pela minha própria lei
E um fio de sangue me impedia de enchergar

Como se tornar um homem forte? Perguntava.
Cada vez mais forte, era cobrado. Quer engolir o mundo? Tenha culhões.
A cada dia entendia sem ouvir meus próprios gritos de liberdade
A força que tinha era séria, turra, madura e sem vontade.
Quando precisava, quando me chamava, era de outra fonte que brotava.
Sempre fui mais forte, mais do que tento, mais do que posso, quando precisam.

Por uma sorte louca que eu nem sempre busquei
Gastava as pernas para compensar
E a ideia torta que tanto sonhei
Me esmagava os sonhos antes de firmar

Dizia que dois tipos de força existem. Aquela dos que não sentem, e a dos que sentem demasiadamente. É fácil escolher, difícil é segurar.
Enquanto a primeira torna lixo tudo que é outro e supre toda fraqueza,
a segunda protege os outros e é cheia.

Existem sempre as duas, por natureza, e ambas contagiam. Porém uma se exercita, se prepara e melhora. A outra é como uma força oculta que por vezes aflora.

Difícil não é ser forte. Difícil é ser. E não existe força sem um abraço apertado ou palavra de carinho e incentivo vez ou outra. Se na solidão também existe força, é porque a luta, no mais profundo, é frio.

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