quarta-feira, 8 de julho de 2009

Análise ao sentimento

Victor Rocha Nascimento

O verbo sujo canta solene, querendo atenção.
Das palavras já ditas, nenhuma consegue tamanha proeza de explicar, nem se comparar ao sentimento.
Porque então, elas insistem em se arrastar? Em se humilhar para tentar provocar os homens, que por sua vez são infinitamente mais completos do que suas humildes criações?
Talvez porque sabem que são os provocados que as interpretam e, estes sim, lhes preenchem de sentido e vida.
Mas tal ato deve ser mesmo visto como pura provocação, já que também sabem, sem direito à contestação, que são os sentimentos patronos das palavras, e não o contrário.
Toda palavra passa a significar a mesma coisa se nos prendemos a uma paixão. Um sentimento unico domina todos os poemas, assim como toda mulher se torna uma, toda a alegria se torna banal.
Nada se compara ao amor, nem mesmo um ao outro. Todo sentimento é tão pessoal e tão momentâneo que deveria ser aproveitado ao máximo antes de perdido para sempre. Talvez, por medo de que se perca, converta-se em palavras.
Para o poeta, o sentimento é tão grande que, mesmo com a noção de não ser capaz de expressar e nem se quer qualificar muito bem, faz com que ele transborde em letras e ações no momento em que não pode mais comportá-lo em sí.
Sempre ele, o sentimento, patrono das palavras e dos homens. Cabe a ele definir caminhos, cabe a ele escolher, assassinar a lógica e dominar os seres. No fim, só resta sentimento.

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