sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Lembranças de uma noite que não se vai

Victor Rocha Nascimento

Situaçãozinha desgraçada essa tal... Mesmo depois de tanto tempo, e de tanto aprender, tanto mudar, a gente acaba voltando pro mesmo lugar.
Tanta vontade, tanto choro e tanto grito para no final não fazer diferença. Naquela noite que a verdade me cuspiu na cara, me custava menos aceitar a vergonha dos fatos do que imaginar que seria só a primeira vez. Pior que era! E eu não notava, e continuo sem notar, que vai ser tudo sempre igual. Enquanto eu tento levar as coisas do meu jeito, vem o jeito das coisas e me humilha até me arrancar desistência.
Verdade maldita que só mostra meia face e me estapeia as duas com as mãos sujas em decepção!
Naquela noite parecia que, mesmo com a dor e com o sal me cortando o rosto, o principal havia sido dito e nada mais doeria tanto. Pobre tolo que eu fui, e tenho a mania escrota de ainda ser. Acontece que ou não aprendemos nada, ou esquecemos tudo, e voltamos aos mesmos erros. Fedemos a passado.
Talvez esteja na hora de tomar um choque brabo pra acordar. Talvez devesse mesmo mudar por completo, mas pode ser impossível chegar a conquistar tal fortuna. Quem sabe eu só esteja brincando comigo mesmo e não queira ou não precise mudar. Não seria tão improvável. O bicho homem é masoquista por natureza e viciado em se ferrar. Deve ser por isso que, por mais que a gente tome na cara, viramos a outra para que venha a a maldita da verdade dar mais, e mais, e mais...
Tudo tão simples, tão fácil e tão impossível.
A noite era fria e me faltava muito o ar. Só tinha força para sentir o desprezo do resto e o gelo do chão que me castigava. Não suportava o peso da verdade me esmagando e o mundo inteiro fugindo da vista.
Por fim, não restou a pena nem a mão que eu esperava. Me restou mais uma vez a danada da verdade, me fazendo um pacto de sangue, me obrigando a ser forte e a ser eu, aguentar a merdalhada toda. Em troca, a adaptação e felicidade. Pacto desgraçado que até hoje não vi se cumprir. Fiz minha parte e ainda espero que a verdade seja justa algum dia.
Noite tão fria que desconfio que tremia era por medo. Foi nessa noite que aprendi a ser forte, que aprendi não chorar.

2 comentários:

Mari V. disse...

pois é, tricolor macaense. tava lá fuçando o perfil (de novo? haha), daí resolvi visitar também o blog e... eu preciso comentar! :)

poderia destacar alguns trechos, mas isso seria chato demais, né. então pulo logo pra parte em que eu digo que adorei!
seu jeito de tratar as idéias é encantador.

シモネ - SVMiranda - disse...

ShoW!!! Cada vez mais sou sua fã e admiro a ti e sua complexidade.
Bjs.