terça-feira, 1 de setembro de 2009

Além da sociedade, a identidade.

Victor Rocha Nascimento

De tanto traduzir-te em medo,
Perdi a confiança que restava sobre mim.
De tanto insistir no incerto,
A certeza já viciou em contornar minha porta.
E a sociedade que me domina e dita meus modos já é culpada apenas por um quinhão da identidade que me afirma.
Sou eu, são os meus e é o meio que me fez ser assim. Tão inseguro e tão forte na dor.
Como a força exaustiva dos meus pulmões no dilatar de um ar tão frio que chega a aludir ao sólido, eu me forço a entender, a vibrar, a ser mais um e, ainda assim, ser eu mesmo.
Minha raça, minha crença, minha nação e até meu sexo. Ahhh, meu sexo. Que me obriga a atuar e a me impor. Ahhh, se eu pudesse esperar pela atitude delas, meninas, no lugar de reunir todo tipo de força para arrancar uma declaração. Ahhh se a história fosse diferente e as regras fossem outras. Tudo pura questão de sorte, de ocasião.
Essa sociedade que nos forma, nos domina e nos completa. Essa gente que se prende e se vicia nos preceitos das modinhas. Essa gente tapada que só vê o que lhes mostram pronto e não se dão ao trabalho de procurar novas vistas por si. Tantas cores no mundo e lhes resta, não sei se por opção, ficar trancados no comodismo e no tempo. No preto e branco.
Mas talvez seja esse o mundo real e eu esteja passando de suas arestas, de metido que sou. Talvez o erro seja meu em não limitar ao mastigado. Ainda que não acredite muito nisso, o "talvez" deve ser sempre levado em conta.
Ô mundo danado para se minimizar para uns e se agigantar para outros. Vai que existem vários mundos, e por certo que existem. Um para cada mente. Ou melhor... Creio eu, que cada mente é um mundo e nenhuma outra forma de mundo existe se não a própria mente.
Sendo assim, que me deixem em paz com a minha mente e cuidem das suas próprias. Na parte que ainda me resta do meu próprio mundo, prefiro ser eu mesmo, ainda que para isso deva ficar só e passar das arestas das sociedades e das modinhas.

Um comentário:

Manu disse...

Caraca que "engraçado" ler essas coisas que você escreve, tenho tantas indagações parecidas, mas nenhuma resposta...rs.
Aliás, acho mesmo que vou ter que aprender a conviver com essas questões, ou então como você mesmo disse se enquadrar nas "arestas da sociedade" e simplesmente tocar o barco da vida...
Penso que isso deve ser tedioso e muito complicado, porque depois que você aprende a olhar além do óbvio, parece que tudo salta aos olhos de maneira diferente, da maneira crua, mas que niguém vê.
Sobre a sociedade influenciar na nossa identidade...esse assunto dá pano pra manga né...tenho altas filosofias sobre isso, muitas dúvidas e paranóias... ahaha!
Acho que esse é o ônus de analisar e esmiuçar sobre as coisas da vida de maneira não "natural".

Ah...sério que você tava mau humorado? Nem notei.
Gotei muito desse texto.
Eu volto.