quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Loucura de Maria

Victor Rocha Nascimento

Brota, Maria. Maria louca brota. Brota Maria, que a loucura te vicia; Manda aos berros toda certeza pra fora.
A flor queimava em poesia, o cheiro penetrava a toda porta. Quem diria que a loucura de Maria renasceria flores mortas?
Olha esse beijo e olha esse mel. Recorda dos frutos, os que nascem do céu. Maria transbordava sua loucura em palavras, recitava a morte para entender a vida, estudava costumes para desfazer mentiras, explodia amor para selarem feridas.
Maria amava o diferente e, por completa, dele queria ser.
De tanto buscar as respostas do mundo, Maria entendia o sentido das coisas, previa atitudes e influenciava os fracos ao seu redor. Maria dominava e fascinava de louca que era.
O bom era ser diferente e, deste ponto, completa. De tanto entender, escolher o que quer ser. Ao por do sol ela brotava, simplesmente, para nascer numa nova era.
Excita e faz milagre. O mundo é tão profundo que ao ser, desfaz mapas e sociedades. Assassina a lógica, deturpa a mente frágil do comodismo da cidade.
E essa realidade, que de real não tem nada e apenas existe para suprir as necessidades da mente fraca, era companheira de Maria, que fingia que não via só para ter com quem brincar.
Se conta o mundo, o resto vem e assusta. A possibilidade de saber, aprender e não parar é o que faz a vida repleta de sentido. Maria entendia tão bem tudo que passou a conviver com espíritos. Mundo novo que assusta, distorce e se nega por inteiro. Ela passou a conviver entre mundos e se acostumou no abandono do receio.
Brota, brota, Maria. Hoje é dia. Brota, brota, minha filha. Lá de trás vem um nevoeiro e só você para cuidar dessa gente nula de verdade. Brota mais uma vez, e sempre brota, que loucura é ver no sonho um pesadelo.

2 comentários:

Jéssica Quadros disse...

Toda vez que eu te visito aqui, leio pelo menos 2 vezes. A primeira, pra deixar me encantar, e a segunda pra te decifrar um pouco.

;*

シモネ - SVMiranda - disse...

É esta cada vez melhor, muito intrigante e curioso como se processa o pensamento humano. Lindo!
Te amo!